Tente sempre ver o lado positivo em tudo que acontece, esqueça o negativo, ele não serve pra nada. Dê valor aos pequenos instantes que passar com pessoas especiais, quem é especial sempre vai embora, e isso é certo. Tudo muda, ate você muda. O tempo passa, o tempo nos envelhece, nos desgasta e nos mata. Aproveite o hoje, o amanhã pode não existir. Quem garante que você estará vivo ate o fim do dia? Nessa vida não temos garantia de nada, só a morte é certa. Viva o momento; chore; grite; pule; dance; sorria. Nada do que foi ontem, será o mesmo hoje. As histórias com o tempo se destorcem, você esquece os detalhes e os detalhes, são essenciais. Não abra a boca pra falar que não vive sem alguém que conhece há tão pouco tempo, você vive sim e você sabe disso. Você não o teve durante toda sua vida. Não perca seu tempo correndo atrás de quem foge, ou se esconde de você. A vida é curta e passa muito rápida, você já cresceu e seu tempo de brincar de pique - esconde já passou. Acolha os novos amigos, eles são quem vão lhe ajudar a escrever sua nova história. Compartilhe fatos; Um dia caso você se esqueça, alguém te ajudará lembrar. Antes de fazer algo, pense se pode ou não vir a se arrepender. O tempo não vai voltar pra você tentar fazer diferente. Escolhas existem. E você as decide. Não cometa o mesmo erro duas ou três vezes. Se você se arrependeu da primeira vez, por que insistir em fazer? Não faça algo apenas para impressionar alguém, nem mesmo seus amigos. Eles logo se esquecem, mas você não. Você tem consciência para seguir o caminho certo. Não deixe ninguém influenciar suas escolhas; Pois SUAS escolhas são SUAS escolhas. Fuja dos conselhos, você tem capacidade o suficiente para saber o que é melhor pra você. Se sentir-se sufocado grite alto ate se libertar. E se te chamarem de louco não ligue; Não a quem seja normal neste mundo. Seja forte nas situações que te causarem medo. Se não houver medo, não haverá coragem. Não sinta vergonha de chorar, as lágrimas são a melhor forma de demonstrar seus sentimentos. Não acredite muito no que você ouve por ai, nem mesmo no que você ver. Neste mundo não a quem não minta. Não veja, não ouça, APENAS SINTA. - Lila Medeiros

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Caio Fernando de Abreu - CFA

QUANDO Ana me deixou – essa frase ficou na minha cabeça, de dois jeitos – e DEPOIS que Ana me deixou.

Sei que não é exatamente uma frase, só um começo de frase, mas foi o que ficou na minha cabeça. Eu pensava assim: quando Ana me deixou – e essa não-continuação era a única espécie de não continuação que vinha. Entre aquele quando e aquele depois, não havia nada mais na minha cabeça nem na minha vida além do espaço em branco deixado pela ausência de Ana, embora eu pudesse preenchê-lo – esse espaço branco sem Ana – de muitas formas, tantas quantas quisesse, com palavras ou ações. Ou não-palavras e não-ações, porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias (...) e todas outras coisas que formam uma vida com ou sem alguém como Ana dentro dela. (...) Depois que Ana me deixou, como ia dizendo, dei para beber, como é de praxe. De todos aqueles dias seguintes, só guardei três gostos na boca – de vodca, de lágrima e de café. O de vodca, sem água nem limão ou suco de laranja, vodca pura, transparente, meio viscosa, durante as noites em que chegava em casa e, sem Ana, sentava no sofá para beber no último copo de cristal que sobrara de uma briga. O gosto de lágrimas chegava nas madrugadas, (...) abraçava os travesseiros como se fossem o corpo dela, e chorava e chorava e chorava até dormir sonos de pedra sem sonhos. O gosto de café sem açúcar acompanhava manhãs de ressaca e tardes de sustos a cada vez que o telefone tocava. Porque no meio dos restos dos gostos de vodca, lágrima e café, entre as pontadas na cabeça, o nojo da boca do estômago e os olhos inchados, principalmente às sextas-feiras, pouco antes de desabarem sobre mim aqueles sábados e domingos nunca mais com Ana, vinha a certeza de que, de repente, bem normal, alguém diria telefone-para-você e do outro lado da linha aquela voz conhecida diria sinto-falta-quero-voltar. Isso nunca aconteceu. (...) Abandonado no meio do deserto como um santo que Deus largou em plena penitência – e só sabia perguntar por que, por que, por que, meu Deus, me abandonaste? Nunca ouvi a resposta. Um pouco depois desses dias que não consigo recordar direito (...) entre cinzeiros cheios e guardanapos onde eu não conseguia decifrar as frases que escrevera na noite anterior, e provavelmente diziam banalidades, como volta-para-mim-Ana ou eu-não-consigo-viver-sem-você, palavras meio derretidas pelas manchas do vinho, pela gordura das pizzas -, depois daqueles dias começou o tempo em que eu queria matar Ana dentro de tudo aquilo que era eu, e que incluía (...) aquela vida que tinha se tornado a minha depois que Ana me deixou. (...) Nunca contei à ninguém de Ana. Nunca ninguém soube de Ana em minha vida. Nunca dividi Ana com ninguém. Nunca ninguém jamais soube de tudo isso ou aquilo que aconteceu quando e depois que Ana me deixou. (...) Sempre tenho a estranha sensação, embora tudo tenha mudado e eu esteja muito bem agora, de que este dia ainda continua o mesmo, como um relógio enguiçado preso no mesmo momento – aquele. Como se quando Ana me deixou não houvesse depois. (...) Palavras que dizem coisas duras, secas, simples, arrevogáveis. Que Ana me deixou, que não vai voltar nunca, que é inútil tentar encontrá-la, e finalmente, por mais que eu me debata, que isso é para sempre. Para sempre então, agora, me sinto uma bolha opaca de sabão, suspensa ali no centro da sala do apartamento, à espera de que entre um vento súbito pela janela aberta para levá-la dali, essa bolha estúpida, ou que alguém espete nela um alfinete, para que de repente estoure nesse ar azulado que mais parece o interior de um aquário, e desapareça sem deixar marcas.

Caio Fernando de Abreu - CFA

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